Quantas danças e histórias cabem em um quintal?

Performance "Uma historia uma Dança?" por Helionio. Foto: Samuel Macedo

 

Texto: Emerson Ramon

Performada por Helionio, artista LGBTQIAPN+ da região do Cariri e formado em Teatro pela Universidade Regional do Cariri (URCA), busca interagir com o cotidiano dito “banal” dos transeuntes onde a performance é apresentada. No dia 18 de maio, o palco, pela primeira vez, foi o Centro Cultural do Cariri. De forma itinerante, passeou pelo espaço com sua caixa de som e convidou os que ali convivem para, como sugere o título da performance: “Uma História ou Uma Dança?”. 

Tocando músicas de forró e dançando de forma tímida, ele desperta o desejo de curiosidade do público, que se levanta e vai em sua direção, ou o mesmo tira alguém da plateia a céu aberto para dançar ou contar uma história, seja sobre uma celebração ou uma superação. 

A performance surgiu a partir de uma residência com a Marie Auip, artista fortalezense, que trabalha com narrativas anticoloniais e antipatriarcais. “Quando eu chego como um corpo LGBT nesses espaços, convidando as pessoas para contar uma história ou dançar comigo, de alguma maneira a gente também tá trazendo a realidade não só minha, né? Mas também dessas pessoas, questões raciais, de gênero, de sexualidade e por aí vai.”, conta Helionio. 

Escutar e compartilhar histórias, acessa o campo da atenção e da valorização. Se dispor a ouvir o que o outro tem a contar, uma história que às vezes está presa no fundo da garganta, que precisava ser acessada ou compartilhada. A performance cumpre a função da ação de parar e ouvir o que as pessoas têm a falar. Mas não é sobre dar voz, é sobre dar ouvidos. 

Aqui destaco a sensibilidade da partilha na arte, Helionio se coloca na posição de um corpo estranho que está quebrando o dito “banal”. Quando ele entra no espaço com uma caixa de som chamando a atenção para si e despertando curiosidade no público, ele também convida o público a romper com o banal e se juntar à performance.

 

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