Texto: Emerson Ramon
O Espetáculo Horizonte conta com direção e performance dos coreógrafos e dançarinos, Beatriz Sano e Eduardo Fukushima, e integrou a programação da 14ª edição da Semana Dança Cariri. A performance compõe o projeto Tomie Dançante, ampliando as obras de Tomie Ohtake para a dança.
Ao incorporar as peças visuais eles criam esse equilíbrio entre forma e corpo, com movimentos circulares e de pêndulo, com a leveza dos seus corpos, que por vezes parecem pesados, por grande parte do espetáculo se desenvolver no chão, assim como o próprio título sugere, horizontal. Quando observamos os mesmo corpos também são leves, até mesmo quando estão no chão, como se pintassem pouco a pouco o palco de forma circular, remetendo as pinturas de Tomie.
Observando as esculturas que parecem formas pesadas, mas que representam uma leveza, como que se desfizesse no ar, o que causa um desequilíbrio intencional. Na performance vemos em grande parte nas coreografias de braço, com movimentos repetidos e ritmicidade na respiração.
A repetição vai estar presente em todo decorrer, com gestos e sons. Com intencionalidade de que com a repetição o público também vá criando e dando um sentido para os movimentos, não que necessariamente tenha um sentido dito como certo ou próprio, mas trás o público para pensar a obra.
Traçando um caminho pela abstração que a Tomie também buscava. Formas que parecem iguais, mas não se encaixam completamente. “Essa coreografia também tem um pouco disso… São dois corpos que tão às vezes em movimentos parecidos, mas não são idênticos, não buscam uma perfeição de estar dançando junto um igual ao outro”, Eduardo Fukushima.
A música é conduzida pelo Chico Leibholz, produtor musical e engenheiro de som. Com uma bateria, também atua nesse campo da repetição que é coincidente com a dança, porém ela está tão solta quanto os movimentos dos atores, ao mesmo tempo que ela vai de encontro com a dança, a dança também vai de encontro com ela, criando mais uma vez essa ideia de dois corpos parecidos, mas que não são iguais e que não necessariamente vão se encontrar. Com isso não dá pra dizer se, a dança guia a música ou a música guia a dança. Nunca chega a um sentido “certo” ou “correto”, criando uma mancha que faz parte do abstrato que a performance aborda.