Tendo como principal fonte a matéria prima fornecida pela Chapada do Araripe, as obras da exposição unem luthieria e artes têxteis. Construídas a partir de elementos da natureza, carregam como inspiração as memórias e ancestralidades de mestres e mestras da região do Cariri, que pela primeira vez terão suas obras expostas no espaço expositivo do Centro Cultural.
Os mestres luthiers: Aécio de Zaira (Crato), Chico (Juazeiro do Norte), Totonho (Mauriti), Gil Chagas (Aurora) e Antônio Pinto (Aurora), apresentam na mostra seus instrumentos, em sua maioria elaborados artesanalmente, promovendo e difundindo o conceito de trabalho ligado ao território cultural de origem, na busca da preservação do saber viver em equilíbrio com a proteção da natureza.
O Mestre Gil Chagas conta sobre sua experiência: “Hoje eu faço instrumento com a maior consciência que a lutheria exige, é na alma, é na barra harmônica, viu? Tudo isso aí eu faço com consciência sobre medida. Eu sei qual é a medida que um instrumento vai pedir para eu fazer uma barra harmônica, eu sei qual é a necessidade que o instrumento vai me pedir a alma, eu sei… A alma é quem faz o instrumento vibrar”.
Junto à exposição, estão a Mestra Fanca (Juazeiro do Norte), a Mestra Dinha (Nova Olinda) e as Rendeiras de Bilro de Santana do Cariri, que com as mãos, traduzem as poesias da vida em tramas únicas. Fanca iniciou sua trajetória como contadora de histórias e hoje possui um belo acervo de obras pautadas em momentos de sua vida e marcos históricos da região do Cariri. A partir do relacionamento com a mãe e ouvindo diversas histórias populares em sua jornada, construiu uma produção visual repleta de peças bordadas, plena de efeitos lúdicos, texturas, volumes e detalhamentos cromáticos.
Mestra Dinha, demonstra em sua obra as complexas tramas da arte do tear, como herança da uma vida inteira de uma família dedicada à fabricação de redes coloridas. Já as rendeiras, mulheres que confeccionam redes de balanço, bico de pano de prato, toalhas, caminhos de mesa, almofadas, entre outras peças artesanais, utilizam como instrumentos na produção: espinhos de mandacaru, palha de bananeira e bilros de macaúba, palmeira típica da região.
Todos esses trabalhos carregam narrativas da comunidade, relações pessoais e conhecimento, passado de geração em geração. A exposição Nascente da Trama e do Som é uma demonstração da sabedoria da vivência em equilíbrio, garantindo a abundância da matéria-prima que se encontra há tempos em todo o território.
Produzida por 21 artistas, cujas vozes ressoam o combate ao racismo e ao genocídio dos povos originários brasileiros, apresenta ao público o panorama atual sobre as artes indígenas no circuito da arte brasileira, a partir de uma temática ainda pouco abordada, o racismo sobre os povos originários. A diversidade está tanto na pluralidade étnica como também nas linguagens apresentadas, que passeiam por pinturas, instalações, videoartes, vídeos performances, fotografias, mural e outras.