Cada árvore, um símbolo de vida. Cada mestre, um saber a cultivar. Entre os dias 5 e 7 de dezembro, o Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo será terreiro do XVI Encontro Mestres do Mundo, realizado pelo Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com o Instituto Mirante de Cultura e Arte. Com mais de 30 atividades, a programação integra as práticas dos saberes e fazeres ancestrais de mestres e mestras da cultura, comunidades tradicionais, culturas indígenas e afro-brasileiras.
Em sua 16ª edição, o evento conecta-se à pluralidade dos guardiões e guardiãs das sabedorias populares e das tradições cearenses, pela perspectiva de seus saberes e fazeres relacionados aos ciclos de vida da natureza, evidenciando os impactos das mudanças climáticas no contexto local, regional e global. Três dias de uma jornada em que o público irá desbravar a celebração e o compartilhamento de vivências que atravessam gerações e nos guiam ante o futuro.
Reunindo práticas ancestrais tradicionais vivas e resistentes em constante diálogo com a contemporaneidade, a programação será composta por rodas de saberes, homenagens, terreiradas, oficinas, shows musicais, mesas temáticas, feiras da economia criativa e solidária, além do Simpósio de Patrimônio Imaterial em parceria com o Ministério da Cultura (MinC), e o tradicional cortejo de abertura que abraça as diversas manifestações dos Tesouro Vivos.
O encontro também propõe reafirmar a cultura popular tradicional como resposta aos desafios atuais, atuando na construção de novos caminhos, nos quais conhecimentos ancestrais e práticas inovadoras juntam forças para contribuir com a resistência cultural e ambiental. Além disso, promove uma agenda que valoriza o patrimônio cultural como alicerce para a proteção ambiental e a preservação das riquezas culturais do Cariri.
Para Luisa Cela, secretária da Cultura do Ceará, “o Encontro Mestres do Mundo é uma celebração que enaltece as riquezas culturais e que salvaguarda a sabedoria e a criatividade dos mestres e mestras de todo o Ceará. Sendo um espaço de fortalecimento das tradições, onde os saberes ancestrais se encontram com as novas gerações, garantindo a preservação e a continuidade da nossa cultura”.
Rosely Nakagawa, diretora do Centro Cultural do Cariri afirma que: “É sempre uma realização e felicidade para o Centro Cultural do Cariri, receber o Encontro Mestres do Mundo, que não é apenas uma troca de experiências, mas também uma oportunidade para visibilizar a importância dos mestres e mestras no cenário cultural brasileiro, promovendo o respeito e o reconhecimento das diversas manifestações que formam a nossa identidade”.
O XVI Encontro Mestres do Mundo nos convida aos terreiros, onde nutrimos e reencontramos as práticas ancestrais, a partir dos saberes e fazeres dos mestres e mestras que salvaguardam a sabedoria das manifestações das culturas tradicionais populares, de seus territórios e sua produção.
Encontro Mestres do Mundo
Realizado desde 2005, o Encontro Mestres do Mundo é uma iniciativa de abrangente interiorização da cultura cearense. Em 15 edições, o Encontro já foi acolhido pelas cidades de Fortaleza, Quixadá, Aquiraz, Limoeiro do Norte, Jaguaruana, São João do Jaguaribe, Russas, Barbalha, Juazeiro do Norte e Crato e Porteiras, reunindo os Mestres e Mestras da Cultura, grupos e coletividades titulados como Tesouros Vivos da Cultura do Ceará, a cada nova edição. O evento promove um abrangente diálogo entre os Tesouros Vivos e brincantes, estudantes, professores, pesquisadores, moradores e mestres de outros estados e países, com uma programação voltada ao encontro e troca de saberes. Em 2017, o Encontro recebeu o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade do IPHAN, de maior premiação de iniciativas de excelência na promoção do Patrimônio Cultural.
Política Estadual dos Mestres da Cultura
Com 20 anos de existência, o Registro dos Mestres da Cultura Tradicional Popular (Lei 13.351/2003), é uma ação pioneira no Brasil, ao reconhecer e fomentar os saberes e fazeres tradicionais da cultura popular.
O aperfeiçoamento da política veio com a Lei Estadual 13.842, de 27 de novembro de 2006, que instituiu o registro dos “Tesouros Vivos da Cultura” no Ceará, normatizando o processo de seleção. Voltada para o reconhecimento dos saberes e fazeres dos mestres e mestras da cultura tradicional e popular, a normativa passou a reconhecer, além das pessoas naturais, os grupos e as coletividades dotados de conhecimentos e técnicas de atividades culturais de elevado grau de maestria, constituindo importante referencial da cultura cearense.
Em 2022, foi publicada a lei 18.232 de 06 de novembro, que institui o Código do Patrimônio Cultural do Ceará e cria o Sistema Estadual do Patrimônio Cultural (Siepac), o referido código compilou as legislações sobre o tema, qualificou os conceitos, desenhou os processos de seleção de novos tesouros e expandiu o número de vagas.
Desde 2004, já foram titulados 131 pessoas naturais. Atualmente, temos 84 Mestras e Mestres, 15 grupos e 5 coletividades em atividade. Dos 84 Mestres e Mestras em plena atuação, 32 são do Cariri, além de 7 grupos e 1 coletividade da região. A política de registro de pessoas naturais, grupos e coletividades se tornou um referencial do Ceará para o Brasil recebendo, à época de sua criação, prêmio do Ministério da Cultura, pela qualidade e pelos efeitos da iniciativa.